AMOR DE CRIANÇA

Sei que não sou o único que teve tesão pela Tila, do He-Man, ou pela Daphne, do Scooby-Doo. Adolescentes da minha geração tinham essa mania de fantasiar com personagens de desenhos animados, com a libido estimulada pelos shorts ridiculamente curtos da Xuxa.

Obviamente esses desenhos eram criados para isso. A Daphne, com sua minissaia e seu cabelo ruivo e a Tila, com sua roupa igualmente sensual e sua pose de guerreira devem ter sido meticulosamente projetadas para cativar adolescentes, digamos assim, um pouco mais imaginativos numa época em que os animés e os hentais não se confundiam tanto.

Mas não era por elas que as crianças mais novas suspiravam. Um amigo meu, por exemplo, era apaixonado pela fusquinha dos Carangos e Motocas. Quanto a mim, havia um desenho com uma turma de bichinhos que moravam numa casa numa árvore; dentre eles havia uma panda que era a mais esperta. Ela despertava algo em mim que nem minhas coleguinhas de classe conseguiam. Era um amor de verdade, um amor de criança.



Só as crianças são capazes de amar. Elas passam anos apaixonadas sem a menor possibilidade serem correspondidas. Depois vem o sexo e estraga tudo.