DOIS A UM

A primeira vez foi um tanto quanto inesperada. Depois do show, peguei carona no Del Rei velho de um amigo e deixei minhas tralhas em casa. Já era madrugada e resolvemos sair para a putaria de Copacabana, de repente a gente arrumava alguma coisa com a merreca que eu tinha ganhado, ou melhor, que esperava receber.

Rodando, achamos uma baixinha de dezenove anos (eu tinha dezoito) que parecia bem gananciosa, tanto que aceitou fazer o programa para os dois, "desde que fosse um de cada vez". Bem, essa era a idéia desde o começo, não me caía bem a idéia de mais um par de pernas cabeludas na cama.

Dirigimos para um motel na conhecida Fodway, no início da Barra da Tijuca, que aliás já foi até derrubado. Meu amigo pegou um Keep Cooler de cereja, se não me engano, e eu pensei: "isso já vai sair muito caro como está!". Para quebrar o gelo, fomos todos logo para a banheira e ela parecia bem à vontade. Quem estava um pouco nervoso era eu, com a situação nova e sem saber muito o que fazer.



Eu comecei a mexer nela por baixo da espuma, ela em mim e resolvemos largar o cara no banheiro e ir para a cama. Toalha, roupão, frio de ar condicionado, cama, camisinha e podemos começar.

Fomos variando as posições e nada parecia me dar prazer. O tempo foi passando e eu ficava mais nervoso sabendo que tinha alguém esperando a vez. Dez, vinte, trinta, quarenta minutos pelo menos. Ela também era novinha e não parecia lidar muito bem com a situação. As coisas iam passando pela minha cabeça: "Como eu pude fazer uma coisa tão idiota!" e "É óbvio que eu não vou conseguir assim" eram as mais freqüentes.

Até que eu desisti. Chamei o cara e falei pra ele ir lá que eu tinha cansado. Fui para a sauna tocar uma punheta pra não jogar o dinheiro fora (como se fizesse diferença). Consegui, mas antes não tivesse feito, porque depois é que a gente pensa em como aquilo tudo é deprimente.

Depois de um tempo sai o meu amigo: "Não deu, ela não tava mais agüentando. Disse que tava toda ardida". Achei razoável e até bom porque queria mesmo era voltar para casa e tomar um banho. Fomos embora, ela com o dinheiro, eu deprimido e ele com tesão não resolvido.

Achei que nunca mais faria uma coisa dessas, mas... bem, isso é assunto para a próxima crônica.