MELHOR QUE NADA (parte 2)

É claro que depois de tudo o que aconteceu até a primeira vez, qualquer um de vocês pularia fora, certo? Mas eu não. Insisti até que o sexo ficasse bom – e nem demorou tanto assim. Ela começou a tomar anticoncepcionais e nós começamos a namorar depois de um "eu te amo" muito falso que saiu da minha boca por mera obrigação.

Na verdade, o sexo ficava melhor mesmo quando a camisinha saía acidentalmente. Apesar dela tomar pílula, ficava paranóica quando isso acontecia. Apesar de ter estudado em escola cara, fazer faculdade pública e toda a cultura que ela teve chance de obter, ela ainda acreditava que lavar depois (!) ajudava a evitar uma gravidez. Me desculpem, mas aprendi na sétima série que isso é crendice, como os emplastros de mostarda e coisas assim.

Ela tinha uma série de problemas: uma irmã maníaco-depressiva que havia sido violentada com quatorze anos e pegado herpes genital, um pai que a chamava pelo nome de sua mãe e não pagava pensão e uma mãe que estava ficando cega. Fora que ela já havia escapado de uma tentativa de estupro. Ah... e havia sofrido de bulimia. É claro que não soube de tudo de uma vez, fui descobrindo aos poucos e ficando cada vez mais frustrado pelo excesso de problemas.

Mas houve uma vez em que o sexo (ou quase sexo) foi especial. Estávamos deitados no sofá da sala e começamos a nos encostar de maneira mais efetiva. Minha bermuda já estava no joelho e a calcinha dela, nem sei. Ela estava de costas para mim pressionando meu pau com suas nádegas. Eu já estava quase penetrando por trás quando ela me perguntou: – Você quer provar meu bumbunzinho?


Nem preciso dizer que quase enlouqueci na hora. Embora não tenha passado disso naquele momento, fiquei com a idéia fixa de fazer sexo anal pela primeira vez. Até que um dia, depois de uma de nossas inúmeras brigas (não era fácil conciliar tanta diferença), fomos para um motel e aconteceu. Não foi lá essas coisas, mas deu bastante tesão. Acho que o momento não era propício. Além do mais, sabia que com camisinha não iria sentir muito mesmo.

Algum tempo depois, decidimos transar sem camisinha uma vez ou outra. Era outra história. Sentir a umidade, a textura... da última vez em que transamos, não usamos camisinha, e foi por trás. Não durou nada, de tão forte que foi. Mas para mim foi a melhor transa com ela.

O namoro durou cinco meses. Terminei no carro depois de levá-la para o shopping como se fôssemos ao cinema. Passei todo o caminho tomando coragem até que ela me disse "Vai ficar tudo bem". "Não vai", respondi.